Fixação em carros velhos (3): A Vemaguet do Izaías!
A terceira e última crônica da “trilogia das furrecas”, que faz parte da série “Fixação em carros velhos”, trata de uma Vemaguet, com parte da lataria amarrada e algumas peças presas com fita isolante.
Essa série foi contada em edições seguidas do jornal ‘Folha do Povo’, início dos anos 2.000.
Teve também uma história de um Dodge Polara (quem se lembra deles?) que levou algumas pessoas a Itatiaiuçu, na inauguração da torre de telefonia daquela cidade. Na volta a Itaúna, início de noite, quando o solícito frentista do posto de gasolina quis lavar o para-brisas do carrinho, deu um banho nos ocupantes dos assentos da frente.
Mas esta crônica vai ficar para outra ocasião. Dito isto, vamos ao caso da ‘Vemaguet do Izaías’.
Pois bem, o rapaz que ostenta
esse nome era mecânico lá em BH e namorava uma amiga da Minha Marli – época em
que este texticulista e a Marli também estavam ‘de namoro’.
Num sábado, resolvemos ir a uma
discoteca no bairro da Renascença, na capital, e o Izaías se ofereceu para nos
levar no seu carro. Ao todo, três casais e mais uma pessoa. Sete, em uma
Vemaguet mil, novecentos e alguma coisa, rsrsrsrs.
Na ida, devíamos passar pelo
Bairro São Paulo, Vilas Reunidas e Cidade Nova, evitando assim o caminho
principal “por onde a Polícia de Trânsito dá batidas e eu estou com a
documentação um pouco atrasada...” justificou-se o Izaías.
Já na saída, começaram os
problemas. A porta do lado em que ficou a Minha Marli, não fechava. A saída foi
ela segurar a porta e eu, segurá-la. Fomos.
Na primeira subida, foi
necessário que nós homens descêssemos do veículo “pois o peso tá muito... Lá em
cima todo mundo entra de novo, sem problema...”, falou o dono do veículo.
Continuamos.
Quando se aproximavam as curvas,
acontecia algo diferente. O motorista começava a girar o volante muito antes e
o carro seguia a uma velocidade de 20 a 30 quilômetros/hora em linha reta por algumas
dezenas de metros, até que convergia, também bem devagarinho. Perguntamos o que
estava acontecendo e o Izaías explicou: “uma folguinha na direção, mas nada
grave!”.
Chegando ao bairro Cidade Nova,
ao passarmos em frente a um barzinho, escutamos um estrondo. Ao olharmos para
trás, avistamos umas peças do veículo e alguma coisa riscava o asfalto,
soltando faíscas. Muita fumaça e com o susto, saímos todos correndo do interior
da Vemaguet.
Imediatamente, alguns rapazes e
moças que estavam no barzinho próximo, correram em nosso socorro.
“Foi nada, só uns trecos esquisitos
aqui e umas pecinhas soltas ali... Num instante e eu conserto tudo”,
garantiu-nos o proprietário da furreca.
Meia hora depois e as peças todas colocadas em seus devidos lugares, algumas presas com fita isolante, outras amarradas com barbante e o Izaías tentou “dar a partida”. Nada. Mais meia hora, peças trocadas de lugar... nada.
Outra meia hora, a Vemaguet irreconhecível.
O motor mudou de posição, o banco
do motorista estava na parte traseira – “é pra dar espaço para as manobras”,
explicou o mecânico/motorista/proprietário da Vemaguet. Nova tentativa... nada.
Aí, um rapaz que estava nos
ajudando, apareceu com uma corda e perguntou para onde iríamos, que ele
rebocava a Vemaguet para nós. O que não podia era ficarmos ali, “atrapalhando a
minha freguesia”. Era o dono do barzinho. Dito isto, e feito, fomos rebocados
até a porta da discoteca.
Entramos para dançar, com algumas marcas de graxa, cheirando a gasolina, cabelos desalinhados...
Mas dançamos o resto da noite, como havíamos planejado.
De manhãzinha, final da madrugada, cada casal para o seu lado e o Izaías e sua namorada ficaram lá na porta da discoteca. “Daqui a pouco o carro funciona, tá precisando só esfriar mais um pouquinho”, afirmou o Izaías.
Acho até que perdeu a namorada, depois dessa. A Vemaguet, nunca mais a vi.
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