A mulher, na faculdade

Texto escrito em 2005, inspirado no vai-e-vem dos alunos pelo pátio da faculdade

 

Ele estava esperando passar o tempo, sentado em uma cadeira, na “praça de alimentação” da faculdade. Dentre tantas pessoas que passavam por aquele local, uma mulher em especial chamou sua atenção.

Seu andar, quase-agressivo. Seu olhar, iluminando o ambiente. Era ela, quem sabe, aquela mulher que ele esperou sua vida toda. Aqueles longos 20 anos... 

Deu vontade de correr, segurar nas mãos daquela mulher e perguntar seu nome. Saber da sua vida, do que ela mais gosta. Qual seu prato predileto? Gosta de MPB, de poesia? Qual seu filme preferido, a cor preferida? Nossa! Eram tantas perguntas, surgidas em tão pouco tempo...

Parecia uma inundação, tantos eram os pensamentos que iam e vinham em seu cérebro. Tudo isso desperto a partir da visão daquela mulher. “Ela é a mulher!”, definiu ele.

Seu corpo parece transmitir uma linguagem especial. Lembrou até da aula de semiótica que tantas dúvidas tinha deixado em sua mente. Entendeu enfim a diferença da 'linguagem' com 'língua'. Soube que aquele corpo “falava” uma linguagem construída para que ela se comunicasse, só com ele.

Era tão simples. Bastou surgir aquela mulher para que ele entendesse o significado das coisas. Deu vontade de chorar... Chorar de alegria pela felicidade que lhe invadia naquele instante.

Ele todo, um só sorriso. 

Re-a-li-za-ção!

Essa era a síntese de seus sentimentos. Pronto. A partir desse instante, sou um homem realizado.

Ela continuou a andar, passou por ele, passou pela praça de alimentação da faculdade, sorriu o sorriso mais lindo do mundo, e se perdeu na multidão que seguia em direção ao portão da saída.

E ele ficou ali, sentado, olhando as pessoas que continuavam a passar.

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