A primeira vez da Soninha...

 Texto publicado no Jornal Spasso, em 1.992.

A primeira vez da Soninha, uma amiga minha de adolescência, foi realmente de marcar época. E, falando de primeira vez, lembro de meu primeiro tombo de bicicleta. Foi uma coisa assim, meio cinematográfica: aquele varapau, magricela, todo arranhado, carregando uma ex-bicicleta Monark, toda amassada... mas este caso fica para depois, pois – hum!!!... parece coisa de português – agora o que deve estar interessando é como ocorreu a primeira vez da Soninha.

Vamos aos preâmbulos da história. Soninha era muito querida lá em casa. Menina boa, prestativa, sempre pronta a fazer um favor. Soninha era “um amor”, como diziam minhas irmãs. Até aquele dia eu não a tinha notado com maior “detalhamento”. Soninha era morena clara, cabelos claros, olhos de uma coloração esverdeada, pernas torneadas, seios pequenos... Tinha pouco menos de quatorze anos à época, mas já mostrava sinais físicos de que se transformaria em um “mulheraço”, como pude comprovar anos mais tarde ao reencontrá-la, na Galeria do Ouvidor, em BH.

Naquele dia ela me pareceu mais bonita. Um detalhe a mais, um sorriso, quem sabe a cor do batom, o caminhar... alguma coisa a tornava mais atraente. Quase tive a certeza de ser o vestido azul – de tecido leve – contrastando com os olhos, solto no corpo, mostrando-lhe as curvas ainda em formação.

Ela chegou, sorriu-me aquele sorriso enigmático que ainda povoa minhas recordações e foi para o quintal, conversar com minhas irmãs, suas amigas inseparáveis. Eu fiquei ali, paralisado com a beleza que só a partir de então tomei conhecimento. Depois, fui me juntar a elas.

Por falar em tomar conhecimento, abro aqui um parágrafo para lembrar que se toma de tudo por este mundão afora. Como prova de que “tudo” não é exagero, guardo comigo lembrança de matéria recentemente publicada sobre o fato de esotéricos tomarem xixi, na busca de curar algumas moléstias. Espantado fiquei, até que me foi revelado ser esta, prática antiga entre conterrâneos de Pedra Negra, que além de sorverem o líquido, brindam a ocasião bendizendo a fonte... Eita povo criativo. Imaginei o contorcionismo necessário nessas ocasiões. Porém, voltemos à Soninha e sua primeira vez.

Elas, a Soninha e minhas irmãs, conversaram um pouco e depois, uma a uma de minhas irmãs foram saindo, para cuidar de seus afazeres. Ficamos eu e ela, a Soninha. Então, aconteceu...

Soninha ajeitou o corpo, encostou-se em um tronco de árvore, longe do alcance das vistas alheias, para saborear melhor aquele momento. Vi seus lábios entreabertos, demonstrando estar saboreando cada segundo daquele momento, que pareciam eternos. Era a primeira vez e ela demonstrava estar adorando, cada segundo, cada pedaço, cada instante daquela experiência. Mesmo sendo – repito – a primeira vez, Soninha mostrava-se experiente, conhecedora dos prazeres que aqueles instantes proporcionariam. Parece até que se preparou para aquilo. Passados alguns minutos, recomposta e de mãos e lábios lavados, ela me olhou, sorriu mais uma vez – como era lindo aquele sorriso – e disse: Sérgio, se soubesse como era gostoso, chupar manga, já tinha experimentado há muito mais tempo!

Também satisfeito com o efeito que aquela fruta causou na minha amiga, assenti e lhe afirmei: pode ter certeza de que valeu a pena esta sua primeira vez. Agora, vai querer chupar manga todos os dias...

Fico por aqui, com a certeza de que você, querido leitor e querida leitora, deve estar me achando o cara mais sacana do mundo rsrsrsrsrsrs. Tchau!

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