Todo dia, era dia de índio... Mas, agora ele nem tem (mais) o dia 19 de abril!
Texto publicado na edição de maio, a segunda, do 'Caderno Literário', uma publicação que abraçamos, junto a mais dois acadêmicos da AILE - Academia de Letras de Itaúna, entidade à qual tenho o orgulho de pertencer (os dois são o escritor Magella e o poeta e professor Phonteboa). Vamos a ele:
Assim deveria ser atualizada a letra da música da Baby do Brasil, que já foi a Baby Consuelo. E como se atualiza o nome da autora/cantora, possivelmente deveríamos ‘atualizar’ a informação sobre a situação dos ‘povos originários’, os indígenas, na letra da música que ouvíamos no passado. Assim, vamos fazendo as mudanças, sem nada mudar no que realmente importa, que é a situação das pessoas. Mudam os nomes, as denominações e a real situação dos indivíduos permanece na mesma, quando não piora, o que é mais comum.
A “Consuelo” agora é “do Brasil”,
o “índio” é agora “povo originário”, o “invasor” se tornou “colonizador”, o
“explorador” passou a ser “empresário investidor”, e a situação real, esta
permaneceu da mesma forma ou piorou, para o lado mais fraco da corda...
Desabafo? Constatação? Ou apenas um apontamento em torno da questão que passa
de problema real a debate antropológico filosófico? Acho que as três coisas, ao
ver os dias passando e aumentando o distanciamento das soluções, de medidas que
possam, não corrigir, mas pelo menos repor um pouco do que foi tirado.
É preciso ver que, além da
questão filosófica, antropológica, de modificação de termos, convivemos com
ações efetivas de quem nos governa e administra, ou explora, no sentido de
aniquilar de vez com o ambiente, que já foi o meio e hoje caminha para um resto,
uma pequena parte.
E daqui uns dias, uns anos, a letra da música será modificada para “todo dia, era dia de povo originário...”, pois até mesmo a palavra índio terá sido extinta... E assim acabamos o mês de abril, o que não é ruim. Pior mesmo é a extinção do que um dia, o dia 19 deste mês representou...
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