A importância dos meios de comunicação na perpetuação do folclore
Texto produzido em 12 de novembro de 1992, para debater sobre a importância dos meios de comunicação na perpetuação do folclore, em encontro realizado no Espaço Cultural de Itaúna.
Trinta e dois anos após, continuou pensando que é necessário o envolvimento dos comunicadores para a exata divulgação/propagação das belezas do nosso folclore. Sem quaisquer questões xenófobas, temos valorizado o estrangeirismo um pouco além do que valorizamos nossas raízes. Vamos ao texto de 1992:
Folclore: estudo e conhecimento das tradições de um povo, expressos nas suas lendas, canções e costumes;
A participação dos meios de comunicação é indispensável para o desenvolvimento de qualquer setor da sociedade. Vejo o tema proposto como uma afirmação de que, realmente, os meios de comunicação são de suma importância para a perpetuação do folclore. Mas, ao fazer uma análise da atuação dos veículos de comunicação em nosso país, de imediato entendo que esta missão não tem sido cumprida. Pelo contrário, parece-me que é feito um trabalho, e muito bem feito, no sentido de diminuir o nosso folclore enquanto damos muito valor às tradições de outros povos.
Buscando a definição da palavra,
encontramos que 'folclore' é o “estudo e conhecimento das tradições de um povo”.
Aqui, no Brasil, este estudo e a busca do conhecimento é, na maioria das vezes,
direcionado para fora, atrás de expressões, dos costumes, de outros povos.
Hoje, se vive num Brasil com
salário de Brasil, com problemas de Brasil, mas vivendo muito mais, os
costumes, as tradições de outros países. Nas emissoras de rádio para cada dez
canções, apenas uma, quando muito, duas, são brasileiras. Nas ruas, os
letreiros, os nomes de praças, dos comércios, até mesmo das pessoas, são (copiados do) estrangeiros.
A alimentação dos brasileiros sofreu uma guinada nos últimos tempos. Consumimos muito hamburguer com batata frita...
Tudo bem, nós não podemos viver
enclausurados em nosso ‘primitivismo’, devemos nos abrir para o mundo, conhecer
outros costumes, viver outros tempos, nos ligar ao resto do planeta... Mas,
será que devemos, ao mesmo tempo, passar por cima das nossas raízes, esquecer
nosso passado?
E é isto o que se faz no nosso
País, através dos meios de comunicação. Investe-se muito no externo, por
modismo, por cópia, porque é mais fácil quando se visa o lucro acima de tudo e
deixamos de lado o que é nosso.
Para mudarmos este estado de
coisas, um debate como o que aqui se propõe é um primeiro passo. Mas, o mais
importante passo é a participação efetiva, a vivência dos movimentos
folclóricos, conhecendo-os por dentro, para que possamos transmitir a imagem
real do folclore brasileiro.
Entendemos que o trabalho dos
meios de comunicação deve voltar seus esforços para o interior do problema:
para comunicar 'uma coisa', é necessário que se tenha amplo conhecimento 'dessa coisa’. É o que não acontece com a nossa imprensa e aí nos incluímos. É
essa imprensa (também) que tem a função de comunicar aos povos o que aqui se
faz, se produz, em termos de folclore.
Acresço: passadas três décadas, noto que pouca coisa mudou e o que mudou, foi para pior. E, com isso, a profissão de comunicador tem se tornado uma espécie de "repetidor de modismos".
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