Os “expertinhos”


Se tem uma classe danada de chata são os “expertinhos”. Aquelas pessoas que gostam de levar vantagem em tudo, igual ao “Gerson”. Essas pessoas furam fila, dão carteirada, aproveitam-se de mamatas, fazem o que podem e o que não podem para conseguir alguma vantagem. 

Tem o caso de alguns que até conseguem se eleger deputados, aí, passam a ganhar 60, 90 mil reais por mês... Bem, mas tem também aqueles “expertinhos” pé-de-chinelo. 

Conheço um que adora furar uma fila e, quando alguém questiona, ele vai logo afirmando: “que isso, eu sou...”, opa, para por aqui, senão denuncio quem é o cara. Mas, nem sempre, essa “experteza” lhes rende dividendo. Às vezes, quebram a cara.

O citado cidadão, aí de cima, até hoje se arrepende de um arroubo de esperteza, ou “experteza” que lhe acometeu um belo dia. 

Ia ele passando por uma rua no centro da capital de todos os mineiros, quando deparou com enorme fila. Muita gente, cerca de 3 mil pessoas, umas imediatamente paradas, atrás das outras. Todos com a fisionomia carregada, circunspectos, macambúzios, graves... 

Ele, “experto”, viu na ocasião, a oportunidade de “passar aquele monte de gente para trás”. Ficou por ali, arquitetando um plano. 

“Bom, eu vou me aproximando, de mansinho, puxo conversa com um, com outro, daí a pouco, pimba! Estou na frente da maioria, chego lá na frente primeiro...”, programou ele.

Daí, passou à ação. Chegou primeiro perto de um rapaz alto, magro, sardas no rosto: “e aí, companheiro, muito quente, né?”. “Tá”, respondeu com secura, o outro. “Ah... sacana", pensou. "Vou passar na sua frente para você aprender a ser mais educado”. 

Procurou outro para travar conversa. Desta feita, um baixinho, atarracado que o recebeu mais amistosamente, trocando com ele algumas palavras. E assim foi, puxando uma conversa aqui, outra ali, ganhando terreno, aproximando-se do seu objetivo. 

Quando ninguém mais o separava de pessoas da fila, ele se incorporou a ela. Olhou para traz e viu mais de duas mil pessoas. Sorriu satisfeito. Desta feita fora impecável. 

E continuou a “andar com a fila”, até que chegou a uma mesa onde, por detrás, postava-se um soldado do Exército, com uma folha a ser preenchida. Sem saber ainda do que se tratava, sentou-se à cadeira vaga e esperou as ordens.

“Nome”, “data de nascimento”, “naturalidade”... “é casado?”, etc. Ficha preenchida e ele fez a seguinte pergunta: “tudo bem, já está pronto, agora eu quero saber de que mesmo se trata o assunto?” 

O soldado riu, finalmente, levantou-se e avisou para os demais que vinham atrás deste meu amigo:

- “Todos estão dispensados, esse senhor aqui foi o último voluntário a se inscrever para combater com as forças brasileiras, a praga da Dengue, no Acre”. E, unindo palavra ao gesto, fez sinal para meu amigo acompanhá-lo até um galpão próximo, onde receberia as instruções para a tarefa.

Dizem que ele ficou um bom tempo sem querer levar vantagem, bancar o “expertinho”. Teve que ficar dois anos prestando serviço – voluntário – no Acre. 

E você aí, que gosta de levar vantagem em tudo? Se cuida...

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