Tem coisa pior do que eleição? rsrsrsrsrs
Uma vez tive que passar a noite em
um quarto em que a cama era dividida por um biombo. Isso mesmo, era meia
cama... Tudo por causa de uma eleição, ou seja: uma campanha eleitoral. A história começou com uma viagem a BH, acompanhando um candidato a deputado para o qual estava prestando serviços de assessoria em comunicação política. O trabalho seria
durante todo um dia e na manhã seguinte, portanto, necessitava pernoitar na
capital. E o candidato me reservou um quarto em uma pensão, no Bairro Calafate.
Trabalhei o dia todo, reunindo com grupos de possíveis eleitores, foi apresentada
a “plataforma de campanha” a alguns cabos eleitorais, construção de discurso único e coisa e tal e, por volta das 21, 22
horas, cheguei à dita pensão, exausto.
A pensão era em uma casa antiga, mas externamente
bem cuidada. No interior, um corredor extenso e vários quartos ao longo dele, no imóvel de um andar
e porão. Parecia, até então, um estabelecimento simples, porém que poderia me
abrigar, bem, por aquela noite. Na portaria, os dados anotados, confirmada a
reserva e peguei a chave do quarto. Tive um primeiro dissabor, ao saber que o
banheiro era coletivo. Mas não era “coisa de outro mundo”, para quem nunca foi
acostumado a luxo. Tomei um banho e fui
dormir. Entrei no quarto e estranhei o tamanho. Coisa de quase dois metros, por
quase três. Espremido, “mas era só uma noite”. Olhei a cama e estranhei um
pouco a sua posição, mas ainda assim, pensei: “vai dar para passar a noite”.
Deitei-me e esbarrei na parede.
Aí veio a primeira surpresa: fez um barulho de madeira... Bati na ‘parede’,
uma, duas vezes, para me certificar de que era mesmo madeira. Aí, alguém do
outro lado devolveu a batida. E falou, “tem gente do lado de cá...”. Eu
respondi. “Tudo bem, só estranhei que a parede seja de madeira, aí estava me
certificando”. Aí veio o primeiro susto grande: “é, essa parede é um biombo,
que divide o quarto”, disse ele, demonstrando conhecer bem o local. “Como assim? Biombo, aquele negócio de compensado?”,
perguntei. “Isso mesmo”, respondeu o vizinho. “E a cama é de casal, assim o
biombo divide a cama em duas. Fica uma parte aí para você e a outra, aqui pra
mim”, arrematou.
E aí fui descobrindo mais coisas
naquele quarto, ou melhor, meio-quarto. A meia cama tinha meia-coberta, meio-lençol... Ao lado tinha “meio-sofá”, que no início achei ser uma poltrona. A
lâmpada, no teto, mostrava que a parede, que na verdade era um ‘biombo’, deixava
uma passagem, para que iluminasse os dois quartos, ou melhor, os dois meio-quartos.
Não consegui dormir. Passei a noite sentado na beirada da minha meia-cama.
Mas pela manhã, a surpresa foi ainda
maior. Logo cedo, quando ouvi barulho de algum movimento na pensão, tentei ir até à copa,
para tomar o café da manhã que, conforme a reserva, eu tinha direito. Peguei a
garrafa e vi que era ‘café quatro efes’: frio, fraco e com uma formiga no
fundo... Aí um hóspede chegou, pegou um pão que estava na cesta em cima da
mesa, de ardósia, e bateu com ele no ‘tampo’ da mesa. Bateu, bateu, colocou o
que sobrou do pão, na cesta, de volta, e pegou os pedaços que conseguiu separar.
Encheu uma canequinha com o ‘café 4fs’ e sorveu o líquido, tentando mastigar os
pedaços de pão retirados 'na pancada'. Esse era o “café da manhã” a que teria
direito.
Saí de lá para não voltar nunca
mais. Nem lembro o nome da pensão, tamanha a pressa que me deu em sair do
lugar. Fui para a rodoviária, peguei o primeiro ônibus de volta pra casa. O
candidato? Perdeu a eleição...
Amigo Sérgio Cunha...
ResponderExcluirA história é ótima...ruim é pensar que ela pode ter sido real....Misericórdia!....