Uma história de Natal, Ano-Novo e disco voador...
Por estes dias estava conversando
com um amigo sobre as aparições de OVNIs – Objetos Voadores Não Identificados,
em uma cidade da região Centro-Oeste de Minas e ele me perguntou se eu acreditava
em disco voador, extraterrestre e coisas do gênero. Minha profissão me ensinou
a não desacreditar e nem a acreditar, ou muito antes pelo contrário... O
jornalista é assim, acredita na ocorrência, mas quer ir à raiz do fato para que
possa entendê-lo e, então, retransmiti-lo de forma o mais fiel possível ao seu
público. E, no caso em tela, abordado pelo meu amigo Luiz – que é meu ‘sobrinho emprestado’, por ter crescido
junto do meu filho e de mais alguns outros sobrinhos do coração, como os defino –, a narrativa
de algumas pessoas que teriam avistado os tais seres de outro planeta é contada
em excesso de detalhes, quase que como um roteiro de filme. Bom, aí me vêm as
dúvidas se não seria sugestionamento de alguma situação diferenciada, coisa e
tal. Mas que os há, ah... há, sim!
Dito isto, e posto, abordando
sugestionamentos, lembro de passagem da minha infância quando tinha entre 5 e 6
anos de idade. E não me venham dizer que a gente não lembra destas passagens,
pois esta marcou e lembro detalhes mais mínimos da situação. Estava eu febril, poucos
dias após o Natal, na véspera de Ano-Novo. Passava mal à beça, trazendo aflição
ao nosso pai, Sebastião e à nossa mãe, Neuza, que à época tinham ainda somente
os filhos Silézio, eu (Sérgio), o Sílvio e acho que a Cidália, mais velha das
três meninas, então bebê de colo, se já nascida... Mais adiante vieram também a
Cibele, o Marcelo, a Márcia e o caçula Márcio Reinaldo, de uma prole de oito.
Pois bem, eu mal, nossos país em
apuros para me acalmar. Então, nosso pai me pegou ao colo, depois de muitas
tentativas da nossa mãe, Neuza, de me fazer dormir, e foi comigo parra o lado externo
da casa, um barracão construído no Bairro Araruama, hoje Bairro Nazaré,
nordeste de Belo Horizonte. E ele começou a me contar a história do “bom velhinho”,
que seria o Ano-Novo, chegando e colocando o velhinho do ano que se ia, para
correr... Era uma mistura de Papai Noel com Ano-Novo. E a história foi
rendendo. Ele contava que o ‘bom velhinho’ estava chegando, e me apontava algum
lugar, lá no alto de um morro próximo, me 'mostrando' o que se passava. Algumas pessoas já soltavam fogos para comemorar
a ida do longínquo 1965 e a chegada de 1966.
E a história foi sendo contada e
eu, em estado febril, passei a ver mesmo, avistar o Bom Velhinho chegando e
correndo atrás do Ano-Velho, dando voltas em torno de uma casinha de pedras, com
chaminé e salpicada de neve no telhado, vestidos de Papai Noel, os dois. O Bom Velhinho deu umas duas a três
voltas atrás do Ano-Velho, que corria para escapar da perseguição. Pegou um
saco, jogou às costas e foi embora, subindo céu afora em sua carruagem puxada
por renas... E estas imagens estão ainda na minha memória, tanto que as revivo sempre, em
época de Natal e Ano Novo.
Eu vi, e acredito até hoje nesta
história e nos seus personagens, porque vi. Passadas décadas, tenho a certeza
de que, ali estava a minha imaginação, tomando forma ante as palavras daquele
outro bom velhinho, meu pai, para me entreter e fazer passar a febre, pois
outro remédio não havia à mão, a não ser a criatividade dele. Passou, adormeci e no outro dia já estava bom,
pois não me lembro de mais nada (rsrsrsrs).
E é assim que as coisas são. Às vezes, só nós acreditamos, mas já é p suficiente. Eu vi o Bom Velhinho chegando e o Ano-Velho indo embora, em pessoa, ambos os dois, e aquele cenário todo. É a minha verdade daquele dia, contada por pais aflitos ante a moléstia do filho.
E quantas
histórias mais me contaram a Dona Neuza e o Seu Tatão, como nossos amigos os
chamavam. E chega Natal, Ano-Novo, dá uma saudade danada deles e das histórias
que contavam. E tem até uma que a nossa mãe era mestre em narrar, do Joãozinho
e Maria, que se perderam na floresta... Ouço a voz da nossa mãe narrando,
colocando emoção nas passagens, enfeitando a nossa infância, de meninos pobres, sem muitos brinquedos, mas que tinham pais criativos a nos entreter.
E é assim, a vida. Uns creem,
outros não. Acreditar é estar vivo!, penso eu.
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