Ela sumiu no meio da multidão...
Ele estava sentado em uma cadeira, na mesa do bar, junto dos amigos, na manhã do sábado. De repente, notou que lá no início da rua tinha um vulto diferente. Ele e os amigos tinham o costume de se reuniram nas manhãs de sábado, naquele bar, onde ocupavam uma mesa à beira da calçada, de onde podiam ver a rua inteira, que era pequena, subia desde uma praça, passava pelo bar, serpenteando ainda uns cem metros até acabar, de frente para um prédio. Era curta, coisa de três quarteirões, mas animada. Ligava uma região residencial ao centro comercial da cidadezinha, por onde todos os cerca de 20 mil moradores, além dos muitos visitantes que iam à cidade aos finais de semana, passavam.
Era a “rua do movimento”, por
assim dizer. Várias lojas, muitos bares e até uns três ou quatro restaurantes.
Começava em uma praça, aberta, subia pelos três quarteirões e acabava em um
paredão de um prédio residencial que estava sempre com o portão de acesso ao
estacionamento subterrâneo, fechado. As pessoas seguiam, à esquerda, quando iam
para as margens do rio, onde tinha uma praia fluvial e muitos pescadores
expunham pelas areias os peixes conseguidos na pescaria da madrugada. Meninos e
meninas jogavam bolas, moças de corpos esguios e bem-feitos circulavam de biquínis
ou shorts curtíssimos. Rapazes exibiam o porte atlético escupido em horas de
academia e até alguns medicamentos denominados “bombas”. Eram assim os sábados
e domingos, muito movimento naquele trecho.
Quem virava à direita, ia para o “centrão” da cidadezinha. Fazer compras nos três supermercados ou nas lojas instaladas ao longo da avenida. Alguns quarteirões de muita agitação e, de repente, ao dobrar uma esquina, dávamos de frente com a rodovia que passava ao largo da cidade, levando e trazendo gente.
Mas, voltemos ao nosso personagem
que ainda nem apresentei. Era o João, rapaz nascido ali, acostumado com a
rotina, com pouco mais de 25 anos. Moreno, quase mulato, queimado de sol a que
se expunha o dia todo, na lida da horta que mantinha em um terreno de pouco
mais de mil metros quadrados, onde cultivava couve, alface, almeirão, quiabo,
jiló e outras plantas comercializadas a um público cativo, que ia ali todos os
dias, adquirir o resultado do trabalho do João. Essa tarefa lhe rendia dois a
dois mil e quinhentos reais por mês, após pagas as despesas de produção, o
“carnê do INSS” e outros compromissos de produtor rural.
E aos sábados, por volta das 11h, se encontrava com os amigos, naquele mesmo bar, para tomar umas cervejas e “olhar o movimento”, além de colocar a prosa em dia com a turma. E naquele sábado ele notou algo diferente, lá no início da rua.
Era uma moça, magra, mas não esquelética, cabelos cortados retos na altura dos ombros. Parecia bonita. Ficou a admirar a moça subindo a rua. Ela se aproximando e ele prestando mais atenção.
O caminhar era leve, decidido. Tornozelos, pernas torneadas. Cintura
fina, corpo esguio, bem-feito, daquelas moças-meninas que aparentava não mais
que 20 anos. Quem seria ela? Chegando mais perto e os traços ficando mais
visíveis. Ela era bonita, ah, isso era sim. Boca atraente, olhos, assim à
distância, pareciam pretos, “cor difícil de se encontrar”, pensou ele.
A moça foi se aproximando e, cada vez mais, atraindo a atenção do rapaz. Dez, nove, oito metros... e o garçom, conhecido e acostumado com a turma, se aproximou de João e pergunto: “e aí, mais uma gelada? E o que vai querer de tira-gosto?”
João assentiu, sim, queria mais uma cerveja. O tira-gosto ainda ia escolher no pequeno cardápio que estava em cima da mesa. O atendente do bar, abriu mais uma garrafa, colocou-a em cima da mesa e saiu, como de costume.
João olhou de novo para onde estava a moça, procurou no entorno, pesquisou toda a rua, olhou para o trecho acima, à direita, à esquerda, depois abaixo, procurou... nada.
A moça, que tanto chamou a sua atenção, sumiu em meio à multidão. Ele então pegou o copo de cerveja e bebeu-o todo, de uma vez e voltou a enchê-lo com o líquido da nova garrafa que havia sido aberta há pouco...
Ah!...Não!...Agora tem que escrever a Parte 2...Curiosidade mata...kkkk
ResponderExcluirRsrsrsrs. Já, já, estará por aqui... se encontrar a moça.
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