Acaba logo 2020... e que 2021 seja um ano de pessoas melhores!
Texto publicado no jornal Folha do Povo, final do ano de 2020, registrando o sentimento com a pandemia do Coronavírus, que tomou conta do mundo.
Parece que o ano não passou. Esse é o
sentimento de boa parte das pessoas quando tira um tempo para analisar o ano
que está chegando ao seu final em poucos dias mais. E fica também o sentimento
de que o ano de 2020 não vai chegar ao seu final. Então é melhor que a contagem
acabe por aqui.
Com um início de 2020, com boas
perspectivas, chegamos ao Carnaval e, após essa festa parece que o ano parou,
apesar de o tempo continuar. Veio a
pandemia e teve início uma guerra contra a doença. E uma batalha, paralela,
ideológica, completamente sem sentido, entre simpatizantes daquilo que dizem
ser “esquerda” e do outro lado os simpatizantes daquilo que dizem ser
“direita”, mas que na verdade são afirmações de um comportamento que só traz
problemas e nada acrescenta à vida das pessoas.
Posturas que não resolveram nada
para ninguém. As tantas “posições” de “a” ou “b”, discutidas, debatidas e
divulgadas com a fome de quem defende o prato de comida e em 2020 o pobre
continuou pobre, e o rico se manteve rico, ou até mais rico... E as pessoas
estão morrendo de Covid, mais do que qualquer outra doença e até mesmo, mais do
que de acidentes de trânsito, o que por si só já é assustador.
E esse debate imbecil de postura
pseudo-ideológica, também atinge a imprensa. Argumentos sem qualquer
embasamento apontam para o fato de “a imprensa só divulgar mortes de Covid”:
“parece que não morre mais ninguém de outro problema”, dizem. Seria fácil responder
a essas pessoas se elas conseguissem raciocinar sem deixar falar mais alto a
imbecilidade que corrói a sociedade mundial e a brasileira principalmente, nos
últimos tempos.
Fala-se e divulga-se muito sobre
a Covid e as mortes provocadas por esta doença, “caro idiotazinho” – diria o
jornalista sem paciência –, porque é fácil de se constatar uma coisa: a Covid
matou mais pessoas em 10 meses do que qualquer, eu disse qualquer, outra doença
em um período muito maior, às vezes, do que o de uma década.
A Covid matou mais gente neste
ano do que a tragédia anual que é a morte no trânsito, ou da violência nas
periferias. Basta lembrar de como o Brasil e o mundo ficaram consternados com a
tragédia do time da Chapecoense em uma queda de avião, em 2016, quando morreram
71 pessoas.
Hoje, no Brasil, morrem quase dez
vezes esse número, por dia. Já foram contabilizadas mais de 190 mil mortes em
10 meses, o que dá a média de uma pessoa morta a cada (menos de) 3 minutos,
pouco mais do que o tempo que você gostou para ler esse texto.
Aí o jornalista impaciente diria
ao idiotazinho: “é SÓ por isso!” Mas não será o suficiente, e haverá pessoas
que vão dizer que estamos dramatizando. E o mesmo jornalista impaciente dirá:
“porque não se trata de um ente querido seu, né, idiotazinho!”
E é esse o ano que chega ao fim,
sem ter terminado... Ano em que morre uma pessoa a cada 3 minutos, no Brasil,
por causa de uma doença, enquanto pessoas debatem pontos de vista
pseudo-ideológicos e não usam máscara, não respeitam propostas de distanciamento
mínimo e, pior ainda, acham que vacina “não resolve nada”.
É ou não um ano em que o
jornalista tem o direito de perder a paciência?
Ah... 2020, acaba logo, mas acabe
mesmo, e que venha 2021 com pessoas menos imbecilizadas, que possam assumir a
responsabilidade de usar máscaras, manter distanciamento, se vacinar... E, por
fim, que tenhamos governantes que assumam a responsabilidade do poder e não só
os bônus da conquista.
Que venha 2021, e que seja
infinitamente melhor do que 2020...
Complemento acrescido em 2022: NÃO FOI! ... e continua imperando
a imbecilidade de se posicionar ao lado de um e contra o outro...
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