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Mostrando postagens de novembro, 2023

Será assim?

Texto produzido em 1989, em contraponto às notícias daquele momento no País, quando se disputava uma eleição presidencial. Lá longe os sinos batem, cá perto a barriga ronca, num desespero de encontrar um alimento. Esse talvez seja o Natal de muitas pessoas por esse Brasil afora. Vejo na tevê o candidato a presidente prometer um país colorido, e imagino como seriam espalhadas as cores: branco de fome, roxo de dor, amarelo... de susto! Na foto do Papai-Noel, seu saco está cheio e me pergunto: será de presentes? A Sadia anuncia um prato delicioso, o Chester. Que isso? Nem o que é, sabemos, mas comprar, tenho certeza de que não poderemos. No alto brilha uma estrela, mas não é a de Belém, é lá de Garanhuns, para tentar colocar um operário no comando. No rádio, ouço a música da Xuxa dizendo “todo mundo tá feliz!”... tá? “Um papai-noel de brinde, na compra de um televisor”... e se não comprar, leva o Papai-Noel? E por falar no barbudo, não o da estrela, nem o da cruz... como esse ...

O Poder

Que coisa é essa, que mexe tanto com a gente?   Para consegui-lo Fazemos de tudo. Ao exercê-lo, somos inconsequentes/incompetentes Antes de tê-lo somos amigos, fiéis, cordatos... Após consegui-lo, Ih... você é um chato!   Não sei mais o que fazer, Para definir esse tal poder.

Pedras que andam...

- Crônica publicada no jornal 'Spasso', de Itaúna, em 13 de setembro de 1997 Sabem no que dá a união da imbecilidade carioca e a burrice paulista? "Ah, eu tô Maluf!!!", pois é. Foi-se o tempo em que os jovens, na falta de opções de lazer, as inventavam. Eram os tempos do “beijo, abraço ou aperto de mão”, das festinhas familiares com o ‘som’ (aparelhos de) dos amigos, das serenatas com o gravador, quando o seresteiro não sabia cantar. Falando nisso, lembro dos meus quinze anos quando, já de barba – rala é verdade, mas nem por isso menos barba – morando sozinho em sete Lagoas, trabalhava no Jornal ‘A Notícia’, daquela cidade, de propriedade do Gilberto Menezes. Meu horário de trabalho divergia do horário da maioria dos jovens da minha idade, pois pegava no batente às 16 horas e seguia noite adentro, às vezes a madrugada toda. Portanto, convivia com rapazes e moças, muitas moças – umas, nem tanto, mas outras, sim – com idades bem superiores à minha. Aprendi naquela é...

A mulher, na faculdade

Texto escrito em 2005, inspirado no vai-e-vem dos alunos pelo pátio da faculdade   Ele estava esperando passar o tempo, sentado em uma cadeira, na “praça de alimentação” da faculdade. Dentre tantas pessoas que passavam por aquele local, uma mulher em especial chamou sua atenção. Seu andar, quase-agressivo. Seu olhar, iluminando o ambiente. Era ela, quem sabe, aquela mulher que ele esperou sua vida toda. Aqueles longos 20 anos...  Deu vontade de correr, segurar nas mãos daquela mulher e perguntar seu nome. Saber da sua vida, do que ela mais gosta. Qual seu prato predileto? Gosta de MPB, de poesia? Qual seu filme preferido, a cor preferida? Nossa! Eram tantas perguntas, surgidas em tão pouco tempo... Parecia uma inundação, tantos eram os pensamentos que iam e vinham em seu cérebro. Tudo isso desperto a partir da visão daquela mulher. “Ela é a mulher!”, definiu ele. Seu corpo parece transmitir uma linguagem especial. Lembrou até da aula de semiótica que tantas dúvidas t...

O bom(?) de bola

  - crônica publicada no jornal Folha do Povo, de Itaúna, na década de 1990. Cá na nossa terrinha, qualquer jogadorzinho de futebol “meia-sola”, está ganhando mais que um operário de ponta. É até ridículo ouvir falar do salário de um Ronaldinho, por exemplo, em um País onde o salário-mínimo é de 151 reais. E essa distorção de valores tem formado idiotas aos montes em nosso País. É cômico assistir a uma entrevista desses “astros do futebol”, ou mesmo aos “grandes valores” da música brasileira na atualidade, como aqueles chatos, componentes do grupo “Bonde do Tigrão”. Jogar bola ou cantar baboseiras no Brasil, hoje, vale mais que estudar medicina, astrofísica ou mecatrônica, só para citar três cursos universitários que exigem do candidato conhecimento “zilhões” de vezes superior a um “pagodeiro da vida”, como diz um amigo meu. Deve ser por esse motivo que, aqui na ‘Pedra Preta’ não é necessário completar uma sentença inteira para ser chamado jornalista... E tem mais: “doutor” é t...