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Aquele tornozelo... não deixe o ônibus partir!

Na hora em que ele foi subir os degraus do ônibus, viu um pé feminino, calçando um sapato, baixo, tipo sapatilha. Olhou mais adiante e viu o outro pé, acabando de subir o degrau.  Admirou o tornozelo dela, moreno, esguio, apresentando o que imaginava ser uma perna linda. Olhou um pouco mais e chegou ao joelho da moça. Redondo, com alguns pelos minúsculos, reluzindo à luz do sol que iluminava aquela manhã. Tentou ver um pouco mais, mas o ônibus já estava lotado e apenas conseguiu enxergar uma ponta do cabelo castanho daquela mulher.  Tudo nela parecia lindo. A cor amarela do vestido, o tornozelo como ele nunca tinha admirado antes. Os pés, pequenos, calçando a sapatilha marrom escuro, com uma fivela cor de prata.  E ele ficou ali, uns segundos, imaginando como seria a morena, sim ela era morena, pela cor do tornozelo que ele admirava... De repente, uma pessoa veio atrás e o empurrou de lado: “fica esperto, cara, o ônibus já está saindo”. E passou à sua frente, entrando no veículo. E

Um passeio de teco-teco e as imagens do voo...

  Voar é um sonho do ser humano, que vem sendo alimentado ao longo do tempo. E aí surgiu o Santos Dumont, que fez do sonho realidade, se bem que nós, na verdade, não voamos, pois normalmente estamos dentro de um objeto que o faz, denominado avião. Há os que voam pelos ares, quando se explodem os locais onde eles estão, mas estes muito raramente sobrevivem ao voo para contar histórias. Há ainda aqueles que passeiam em balões, helicópteros e até paraquedas, mas o caso que aqui vou narrar foi um ‘passeio’ em um teco-teco, ao qual me aventurei lá pelos anos 1900 e noventa e poucos, para fazer imagens aéreas de Itaúna. À época, além de escrevinhar, também operava uma filmadora Panasonic Pv 610, captando imagens para a TVI, predecessora da atual “TV Cidade de Itaúna”. Àquela época estava ainda entre nós o piloto de helicóptero, avião, urubu e mais outros ‘voantes’, o Junqueira. Ele trabalhava pilotando helicópteros na ponte aérea São Paulo-Rio de Janeiro e, nas folgas, vinha para Itaúna, às

Pinga no metro? Eu, hein...

  Uma das piores coisas para o ser humano, imagino, é se ver envolvido em uma situação jamais imaginada. Às vezes nos sentimos espremidos por uma situação à qual chegamos, não sabemos como, quando, por onde, nem por quê. E nesses momentos, nada melhor que a criatividade para nos safarmos. Falando em criatividade, lembro de amigo que não era muito chegado a enfrentar o batente e que foi arguido sobre o fato. Ao ser indagado por um senhor, daqueles que gosta de “dar um pitaco” na vida alheia, sobre sua alegada preguiça, “de onde vinha”, ele coçou a cabeça, andou alguns passos pra lá e pra cá, mexeu nos bolsos, olhou o interrogador de frente, pigarreou e saiu-se com essa: deve de ser porque papai teve um tio que era quebrador de pedras para fazer calçadinha. Como a gente puxa os genes dos parentes, devo ter recebido o 'gene do cansaço' desse tio-avô. Agora, queria mesmo é saber de onde o filho do senhor herdou aqueles olhos verdes, cabelo loiro, pele branquinha, se o senhor é mula

Passando apuros em campanha eleitoral...

  Como estamos nos aproximando da eleição que vai apontar novos prefeito e vereadores, lembrei de um momento interessante que vivi, atuando no marketing de uma campanha eleitoral, na cidade de Papagaios, ali a meio caminho das cidades de Pará de Minas e Sete Lagoas, conhecida como a ‘capital da pedra de ardósia’ em Minas Gerais. E sem querer fazer trocadilho, foi lá que enfrentamos uma ‘pedreira’, em 2008, para a escolha dos administradores do mandato 2009/2012. Pois bem, fomos lá trabalhar com a comunicação daquela campanha eleitoral, atuando em favor da dupla Marcelino da Telma (prefeito) e Anu do Zé Taco (vice). Dupla de nomes curiosos, mas pessoas da melhor qualidade. Um dos principais desafios do trabalho foi a produção do programa de rádio. Era a primeira vez que a campanha eleitoral em Papagaios contaria com este recurso. Portanto, despertava muita curiosidade nos quase dez mil eleitores de então. Ao recebermos as informações do tempo a ser disponibilizado ao candidato, descob

Os chifres do Zé

  Texto escrito para a seção "Um conto por ‘um conto’".  Publicado no jornal Folha do Oeste , em 1º de agosto de 1985, sob o pseudônimo ‘Fernandez’   O Zé da Tina, rapaz trabalhador, homem bonito e educado era “a joia” da família Silva, grandes fazendeiros do Sul de Minas. Para rapaz tão destacado, nada menos do que Márcia Silveira, a Marcinha. Morena cor de jambo, olhos verdes, “a formosura em pessoa” como gostavam de defini-la. E como era de se esperar, as famílias concordaram e os dois se uniram, dizendo o ‘sim’ em uma bela tarde de sábado, dia de festa na Fazenda Boa Sorte, dos Silveira. O casal parecia mais com um casal de pombos, sempre juntinhos, ele trabalhando muito e ela dirigindo a casa grande da Fazenda Silva/Silveira – que era como chamavam a nova propriedade – com toda a graça que Deus lhe deu. Nos finais de semana, reuniam os parentes e amigos para um joguinho de cartas, umas pinguinhas para esquentar, um pouco de música, a comida farta, e os dois, sempre

A vingança do Pequi

  Texto publicado na década de 1990 no Jornal Spasso, de Itaúna Para quem não conhece o pequi, assim como a Soninha não conhecia a manga, vale explicar do que se trata. Segundo o Dicionário Aurélio, pequi é “ fruto drupáceo, oleaginoso e aromático, estimado como condimento para arroz e para fabricar licor ”. E como registro, aqui temos o nome e sobrenome da árvore que produz dos frutos mais admirados/odiados destas Minas Gerais e também ali para as bandas do Goiás: Caryocar brasiliense ! Como podem ver, o pequi tem nome, sobrenome e pedigree, além de admiradores suficientes para me encher as burras de cobre, caso me dispusesse a escrever sobre suas qualidades. E é preciso acrescer que, aqueles que conhecem o fruto, assim como eu, após as informações contidas no 'Aurélio', como descrito acima, sabedor se torna de que o filólogo preferido conhecia da língua pátria como ninguém, mas, em matéria de pequi, era quase tão ignorante como a Carla Perez, em se tratando da gramática por

A primeira vez da Soninha...

 Texto publicado no Jornal Spasso, em 1.992. A primeira vez da Soninha, uma amiga minha de adolescência, foi realmente de marcar época. E, falando de primeira vez, lembro de meu primeiro tombo de bicicleta. Foi uma coisa assim, meio cinematográfica: aquele varapau, magricela, todo arranhado, carregando uma ex-bicicleta Monark, toda amassada... mas este caso fica para depois, pois – hum!!!... parece coisa de português – agora o que deve estar interessando é como ocorreu a primeira vez da Soninha. Vamos aos preâmbulos da história. Soninha era muito querida lá em casa. Menina boa, prestativa, sempre pronta a fazer um favor. Soninha era “um amor”, como diziam minhas irmãs. Até aquele dia eu não a tinha notado com maior “detalhamento”. Soninha era morena clara, cabelos claros, olhos de uma coloração esverdeada, pernas torneadas, seios pequenos... Tinha pouco menos de quatorze anos à época, mas já mostrava sinais físicos de que se transformaria em um “ mulheraço ”, como pude comprovar anos